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sexta-feira, 6 de março de 2009

Maquiavel

Maquiavel (Resumo e Comentários)

Senhores, vou começar tecendo um breve histórico do contexto em que viveu e despontou a teoria de Maquiavel, que é freqüentemente alvo de comentários pejorativos, creio que o entendimento do momento histórico em que ele viveu servirá de norte para a melhor compressão de suas idéias. Recomendo a vcs que leiam pelo menos a principal obra do autor: O Príncipe, que é um clássico da política. Entrar em contato com os textos originais nos ajudam muitíssimo para a confecção da critica cientifica, não sejam somente leitores das criticas que fizeram da sua obra, leiam e tentem tbm criar sua própria visão. No mais, vamos começar então:

Contexto:
- Aurora do capitalismo mercantil (descobrimento do Brasil)
- Declínio do feudalismo – (Vários senhores feudais, pluralidade do sistema de poder)
- Formação dos Estados Nacionais – Centralização do Poder político.

Nicolau Maquiavel (1469/1527) viveu em um período de intensa conturbação política e descentralização do poder, em que a maior parte dos governantes não conseguia se manter no governo por mais de dois meses, a Itália nessa época estava fragmentada em diversos focos de poder e autoridade. Em 1850 a Itália ainda continuava dividida politicamente em diversos pequenos Estados soberanos (Reino das duas Sicílias, Estados Pontifícios, ducados de Toscana, etc.) a conclusão desse processo só se dá realmente em 1870 com a conquista de Roma.
É nesse cenário que o pensamento do Maquiavel vai despontar. Sua obra é o retrato de sua experiência política e das causas de Estado as quais se envolveu em sua época. Seu livro é muito mais fruto da experiência do que da inteligência, uma forma de orientação para a condução do Estado e do governo. Ele se afasta do idealismo dos clássicos (Platão, Aristóteles e santo Tomás de Aquino). Seu ponto de partida e chegada é a realidade concreta. Ele vai analisar a realidade tal como ela é e não como se gostaria que ela fosse (verdade efetiva).

Maquiavelismo e ética do Governo

Sociedade e Homem segundo Maquiavel

- A sociedade é naturalmente conflitiva. O homem tem natureza vaidosa, competiva, destruidora, inconseqüente, desleal, etc. Os ministros devem receber honrarias, aduladores para se achar amigo do príncipe, o tempo todo. O ser humano é capaz de fazer coisas imagináveis. Sem perceber o homem é extremamente vaidoso.

Principais Categorias conceituais:

Virtu – Fortuna – Ocasião

Virtu: Adequação comportamental para o exercício político, cálculo, estratégia, iniciativa (coragem). Não são as virtudes Cristãs.
Fortuna: Capacidade de tornar a Boa sorte em realidade. Habilidade de voltar às circunstâncias a seu favor.
Ocasião: Visão ampliada de todas as situações e capacidades de recuar quando necessário – Senso de limite nas empreitadas. Segura a sua vaidade e controla suas emoções.



A faceta mais conhecida de Maquiavel é aquela herdada de uma má compreensão da sua obra, e no vocabulário popular sempre se associa com o sentido de falso, dupla personalidade, inescrupuloso, etc. *

*Maquiavélico: adjetivo atribuído a qualquer pessoa que tem objetivos egoístas, que age aparentando ser alguém de princípios morais elevados.

**Maquiavelismo: em termos técnicos indica a doutrina de Maquiavel na tradição de pensamento baseado no conceito da razão do Estado. Em termo genérico é utilizado para indicar a pessoa que age de forma inescrupulosa para atingir seus objetivos.
Maquiavel ao apresentar sua doutrina, rompeu com a moralidade tradicional. O que ele apresenta é que próximo ao poder estão as práticas humanas relativas ao próprio poder (desmando, vaidade, mentira, autoritarismo e outras) e ao invés de ignorá-las, considera-as na forma de administrar o poder. De fato, Maquiavel não afirma que a posse do poder exige atos sem escrúpulos, mas não lamenta que o governante algumas vezes, ou na maior parte do tempo, tenha de agir desta maneira. Tal fato contribuiu decididamente para atribuir aos termos, Maquiavélico e Maquiavelismo, caráter pejorativo.
O maior “pecado” de Maquiavel foi romper com a moralidade tradicional, ele inaugura uma nova ética para a política. Há vícios que são virtudes, na doutrina política, pois sua preocupação não está em ser ou pregar a moral, mas em falar e ensinar política, cujo sistema de valores não funciona na mesma dimensão dos códigos morais. A virtú do príncipe não é a mesma pregada pela Igreja, constituindo-se somente uma habilidade mundana de administrar o poder e suas instabilidades. Sem virtú não poderá o príncipe resistir no poder.

O Príncipe e o Exercício do Poder

Na época de Maquiavel a estabilidade era um valor a ser perseguido e do qual não se pode abrir mão.
Boas Leis e Boas armas são as colunas sobre as quais se erguem os grandes Estados. O príncipe não pode abrir mão de aliar política e guerra, não existe paz sem guerra, o príncipe deverá estar atento as sangrentas batalhas que poderá enfrentar a qualquer momento para a manutenção do poder.
Ele deve saber bem usar o homem (leis) e os animais (guerra). Não pode haver boas leis onde não há boas armas, há muito de força na definição de poder de Maquiavel. A força é algo que não se pode negar ao poder, sob pena, de se fragilizar e tombar diante do inimigo.
A confiança é algo que se conquista apresentando uma aparência. A melhor via, portanto, para manter-se na condição de dominante é demonstrar (não necessariamente ser) amizade ao povo.

Principal obra: O Príncipe (1513)

- O livro pode ser entendido de duas formas, a primeira como se fosse uma manual para os futuros governantes, e o outro seria a denuncia social dos bastidores do poder político.

Principais Teses da Obra

- O verdadeiro deus da política não é moral e nem religioso – Correlação de forças.
- meios violentos são tolerados, não enaltecidos (somente quando extremamente necessários).
- A moral do príncipe não é a mesma dos homens comuns que não se ocupam da administração pública. Na religião não é preciso o uso da vaidade, mas nos meios políticos ela está estampada na cara.

Principal obra: O Príncipe – 26 capítulos

Parte 1: (I ao XI): análise das diversas formas de principado
Parte 2: (XII ao XIV): Questões Militares
Parte 3: (XV ao XXIV): Questões relacionadas à conduta de um governante, ética, política.
Parte 4: (XXIII ao XXVI): Reflexões Históricas sobre a Itália
Capítulo XVI- Liberalidade x Parcimônia

LIBERALIDADE---Ostentação, Opulência---Mais Impostos----- Desprezo do Povo

Antes ser visto como miserável. Gastar pouco para:
-Não precisar roubar os súditos
- Não empobrecer (desprezo) (preconceito)
Parcimônia (moderação, reserva, economia, etc.) para manejar os bens públicos, atitude miserável ao manejar seus bens.

Cap. XVII – Da Crueldade e da Piedade

PIEDOSO x CRUEL
AMADO x ODIADO

Mal uso da Piedade: Desorganização

Ideal:
-crueldade exemplar (para poucos)
- Lentidão na ação e nas crenças
- Atento ao confiar e ao desconfiar
- Usuário do discurso cristão (tolerância religiosa (multicultural)

Obs.: TEMIDO SEM SER ODIADO!


CAP. XVIII – A questão da palavra dada

- Prudência = dissimular. Até a dissolução deve ser dissimulada (ocultar). Piedade, Fé, integridade, religião, devem ser representados nos discursos.
“Os Homens Julgam mais pelos olhos do que pelas mãos; a todos cabe ver, mas poucos são capazes de sentir”
Nicolo Machiavelli

Cap. XIX – Quanto a ser desprezado e odiado

Temores / Governantes / Acetáveis:
Externos: Países inimigos + boas armas (bom exército) = bons amigos
Internos: conspirações --- Boa Reputação.
Dividir para governar, um fica para vigiar o outro, por desconfiança. Para se obter a benevolência do povo deve-se ter uma boa reputação. A imagem é muito importante (todos devem ver o príncipe com bons olhos). Nos atos públicos e nos discursos comoventes.

- Não ferir a honra e não tirar os bens
- agir de modo nobre (com grandeza)
- Não revogar decisões (não voltar atrás)
- Projetar auto imagem confiante

Dissimulação: estratégia recorrente + conhecimento da Natureza Humana (baixa, torpe, vil). O conspirador é motivado por ambição, inveja, já o príncipe é aliado das leis, dos amigos e dos Estado. É se deixar Estimar pelos Grandes e não se fazer odiar pelos pequenos.

CAP. XXII – Dos Secretários

A inteligência do Governante é julgada por quem o serve. Bons ministros (leigos e competentes) devem ser mantidos com honrarias, materiais (dinheiro) e imateriais ( cargos, menções públicas e elogios). Sempre usar da desconfiança.

A inteligência do Governante:

-entender as coisas por si ------- Perfeita
-entender o que os outros entende ------ muito boa
- não entender nem por si, nem pelos outros ---- Inútil.


Formas de governo

Maquiavel é o primeiro a designar um país de Estado, e é a partir daí que todos os escritos logo após já adotam essa designação de ESTADO.
REPÚBLICA: significa RESPUB, onde o indivíduo é considerado uma res, ou seja, uma coisa. É uma coisa pública, uma coisa que é de todos e quem vai governar a coisa que é de todos = são todos. (ou seja, República é a casa de todos).

Ela pode ser uma democracia ou uma aristocracia:
DEMOCRACIA:
Cracia = governo
Demo = todos ou povo
Democracia é o governo de todos

ARISTOCRACIA:
Aristo = alguns governam
Cracia = governo
Quando tem poucas pessoas que podem votar, poder alternado, ora vai um, ora vai outro.
Ex.: ora um Estado governa, ora outro Estado governa, geralmente são Estados que tem uma economia maior.

PRINCIPADO: Monarquia (governo vitalício e hereditário), Maquiavel prefere a monarquia, porque não existe o risco de alguém tirar o poder do monarca.
Ele pretende com seus estudos, achar respostas de como administrar o poder, quais as técnicas que formam a manutenção do poder, o que define a manutenção do poder.
Toda a obra de Maquiavel se fundamentou na Monarquia, que era o modo de Estado preferido por Maquiavel e suas pesquisas se focam em: como administrar o poder, quais as técnicas e formas de manutenção do poder e o que define a manutenção do poder. O pensamento de Maquiavel gira mais na experiência política do que na inteligência.

Qualquer governante para se manter no poder deve erguer este poder sobre duas colunas, ou seja, as boas leis e boas armas. Nas leis, onde ele vai mostrar que ele é o governante que o povo quer para sempre e nas armas, ele deve ter para usar a força, a violência para manter-se no poder. Isto é a sustentação do governante no poder, saber fazer uso de boas leis e boas armas.

Conclusões

A política deixa de ser idealizada, seja como constituição ideal, seja como Estado ideal, seja como forma de governo ideal, e passa a representar uma orientação par ao governo político da sociedade em seus aspectos cotidianos.
Por esses motivos é que constrói uma ética de fins e não uma ética de meios para a política. Tudo é válido, quando se trata de administrar, conservar e manter o poder. Por isso foi extremamente criticado, e, sobretudo, por construir uma nova moralidade para a política, tornou-se corriqueiro o uso da palavra maquiavélico em sentidos e contextos mais diversos, mas sempre significando algo de caráter pejorativo.

Edson Lariucci
Monitor da Disciplina “História das idéias Políticas”
edsonlariucci@hotmail.com
http://monitoriacienciapolitica.blogspot.com/

4 comentários:

  1. oi edson obrigado pelo seu blog que muito esta a ajuda-nos

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  2. faça uma aequivo sobre Thomas more, sobre a sua politica

    santo Agostinho e santomás de aquino
    e sobre o pensamento contemporaneo e do pensamento politico Grego

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  3. Ahah, parece que isto ajudou alguém na mesma cadeira que eu tenho agora na universidade. E acho que somos do mesmo sítio xD

    Obrigado pela partilha desta informação, complementa sempre o nosso estudo.

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  4. Valeu cara pela ajuda, muito bom mesmo :D

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